Estaleiro: no sindicato dos bancos, muitos estão preocupados em como fazer as provisões para perdas com devedores duvidosos e alguns já estão fazendo a provisão
Os seis bancos que emprestaram quase R$ 12 bilhões à Sete Brasil,
empresa criada para gerenciar a contratação de plataformas para exploração do
pré-sal pela Petrobras, começam a se preocupar em como vão ajustar
seus balanços para possíveis perdas.
O
empréstimo-ponte já está vencido e os bancos estão se vendo obrigados a rolar a
dívida, pois mais da metade do valor emprestado à Sete não tem nenhuma
garantia.
Se Banco do
Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú BBA, Santander e Standard Chartered exigirem o
pagamento imediato, apenas R$ 4,5 bilhões têm garantias dadas pelo Fundo
Garantidor da Construção Naval.
A outra
parte teria de ser tomada em ações da empresa, o que não é uma alternativa
considerada pelos bancos, segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo. Isso
porque, além de alguns deles já serem sócios da companhia, a Sete está em
sérias dificuldades financeiras.
Somente para
os estaleiros contratados para construir as 29 sondas, em contratos de US$ 25
bilhões, a Sete deve cerca de US$ 850 milhões, ou aproximadamente R$ 2,4
bilhões.
Pelo menos
um dos estaleiros, o Atlântico Sul, já informou o cancelamento do contrato pelo
atraso e o estaleiro Enseada paralisou as atividades.
Segundo nota
oficial enviada pela Sete Brasil, todo o empréstimo-ponte venceu e a dívida
está sendo rolada para abril. Os bancos, com exceção da Caixa, não quiseram
comentar a questão.
A Caixa
disse não falar sobre clientes específicos, mas informou por nota que as
"prorrogações de empréstimos-ponte são usuais por motivo de complexidade
do fechamento de todos os detalhes dos empréstimos de longo prazo, sobretudo no
setor de infraestrutura e quando engloba vários agentes financiadores".
Mas fontes
de diversos bancos ouvidos pela reportagem demonstraram preocupação com o
financiamento.
Um alto
executivo disse que no sindicato dos bancos, muitos estão preocupados em como
fazer as provisões para perdas com devedores duvidosos e alguns já estão
fazendo a provisão.
De acordo
com as regras do Banco Central, todas as contratações da Caixa obedecem a um
rito de análises técnicas, incluindo engenharia, finanças, precificação, risco
e jurídico e estão cobertas por garantias.
Sobre
eventuais provisionamentos, as regras são definidas por critérios contábeis do
setor bancário, de acordo com orientações do Banco Central. Entre os
financiadores-ponte, a participação da Caixa é menor e não cabem
provisionamentos no quadro atual.
Neste
cenário, toda a solução para o impasse com a Sete Brasil está nas mãos do
BNDES, que se comprometeu a fazer o empréstimo de longo prazo, sob determinadas
condições.
A liberação
dos recursos deveria ter ocorrido já no ano passado, mas os problemas com as
investigações de corrupção na Petrobras acabaram afetando o negócio.
A Petrobras
é acionista da Sete e única cliente. No fim do ano passado, ameaçou cancelar
sete contratos, o que segundo documentos da própria Sete quebrariam a empresa.
Esse desacordo com a Petrobras acabou atrasando a assinatura do financiamento.
O maior
agravante da situação no entanto é o ex-diretor da estatal e da própria Sete,
Pedro Barusco, ter feito um acordo de delação premiada na Operação Lava Jato.
Depois de
várias negociações, e de a Petrobras ter voltado atrás e assinado todos os
contratos, o BNDES finalmente assinaria o financiamento.
Mas no dia
da assinatura os termos do acordo de delação de Barusco vieram a público. Com
ela ficou-se sabendo que estavam implicados não só ex-executivos da Sete
Brasil, como também os estaleiros.
A informação
oficial da Sete Brasil é a de que a dívida está em rolagem para abril e que
continua em busca da liberação do empréstimo de longo prazo do BNDES, que está
aprovado desde 2013.
Algumas
fontes ligadas aos acionistas dizem, no entanto, que quase toda ela venceu em
18 de fevereiro e os bancos já concordaram em prolongar o pagamento por mais
120 dias. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: http://exame.abril.com.br/negocios/noticias/bancos-credores-da-sete-brasil-se-preparam-para-prejuizo
0 comentários:
Postar um comentário